Alunos da Escola Municipal Albertino Lopes, no bairro Parque São José, periferia de Belford Roxo, ganharam duas horas a mais na carga horária escolar. Ao invés de irem para casa eles podem escolher e participar de seis cursos criados pela direção como culinária, artesanato, informática, canto (coral), dança e banda marcial. O projeto “Construindo o Futuro” viralizou rapidamente na escola, ganhou adesão total dos estudantes e a simpatia do pais e responsáveis. “Isso é uma benção. Agora meu neto não fica mais à toa, sem ter o que fazer em casa. Ele está adorando e eu mais ainda”, disse a dona de casa Vera Lúcia Souza de Oliveira, 58, avó de Richard de Oliveira da Silva, 9, matriculado no curso de canto.
A iniciativa partiu da diretora da escola, a professora Dayse Maria dos Santos Mariano Fonseca. Preocupada com o crescimento da violência envolvendo jovens, ela reuniu professores e funcionários da escola e apresentou seu projeto. “Percebi que as crianças do turno da manhã saíam da escola iam para casa e ficavam ociosas. O mesmo acontecia com aqueles que estudam no horário da tarde, que não faziam nada na parte da manhã. Tive logo o apoio de todos os educadores, em especial o professor Leandro Machado. Logo consegui formar um time com funcionários de apoio e inspetores e assim os ursos foram surgindo”, contou Dayse que é formada em pedagogia e matemática.
Rendimento nota 10
Segundo Dayse, o projeto tem apenas quatro meses, mas o suficiente para mudar o comportamento dos alunos. “O rendimento deles melhorou muito, desde o comportamento ao aprendizado”, assegura ela. A diretora disse que há alunos que já participaram de um curso e ingressaram em outro. “Tenho recebido muito pedidos de mães para que as crianças menores também participem dos cursos. Inicialmente, apenas alunos do terceiro, quarto e quinto ano participam. Estamos, entretanto, vendo a possibilidade de abrir também para os alunos do primeiro segmento”, explicou.
Richard de Oliveira, neto de dona Vera, é um dos alunos assíduo aos cursos. Ele que faz aula de canto, já esteve na turma de culinária. “Ah é muito bom. Já sei cantar Asa Branca e aprendi a fazer quibe e omelete de queijo com presunto”, declarou o menino. A turma de canto é uma das mais concorridas, tem 35 alunos. As aulas são dadas pelos inspetores Alef e Elias de Lima. “Curto muito esta aula e também a de dança”, afirmou o menino Kaio Luciano Rodrigues Viana, 10. A banda, comandada pelo maestro, Olício Duarte, já conta por 60 alunos e recebe convites para exibições extras.
Integração e oportunidade
Falante, ativa, a diretora que tem 26 anos de magistério, não para no gabinete da escola que funciona em dois turnos e atende 509 alunos, de quatro a 13 anos de idade, do primeiro segmento ao quinto ano. Ela conhece cada aluno e identifica funcionários por nome e sobrenome. “Fico emocionada em ver que o projeto está agradando e contribuindo para o futuro dessa garotada. As duas horinhas que eles ficam a mais na escola, se integram mais e somam conhecimentos para futuras oportunidades”, acredita Dayse.
As aulas de artesanato são realizadas pela funcionária administrativa, Joice Pereira, que ensina 27 alunas. Leandro Lucas, 28, é auxiliar de serviços gerais na escola. Mas é ele que comanda as aulas de informática. Formado na área, ele faz questão de preparar bem a sua turma de 36 alunos. “Eles aprendem o básico de informática, a montar computador e coisas a mais como formular um currículo e se relacionar bem com os colegas”, destaca. “Não perco uma aula”, garante a aluna Samara Ferreira, 11, que não tem computador em casa. O único que ensina e não faz parte do quadro de funcionários da escola, é Yuri Cardoso, 19 anos, que voluntariamente dá aulas de dança para 20 alunos. “O projeto é muito legal e fiz questão de abraçar”, disse. A culinária também está no cardápio de cursos. Quem comanda é Alina Percino. As receitas mexem com toda a escola. As crianças aprendem, preparam e comem. hambúrgueres e quibes são os preferidos.