Em Belford Roxo, o Mês Nacional de Prevenção a Gravidez na Adolescência se tornou uma campanha que foi trabalhada durante todo fevereiro. Por meio das Secretarias de Educação, Saúde/PAISMCA (Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente), Comunicação Social, Cultura, Esporte e Lazer, Segurança Pública, Assistência Social, Cidadania e Mulher, e o Grupo Hospitalar Fluminense, a culminância da campanha aconteceu nesta quinta-feira (24-02), na Escola Municipal Belford Roxo, situada no bairro das Graças. De outubro de 2021 a fevereiro deste ano, 50 adolescentes gestantes fazem acompanhamento no município.
Com o tema: “Filho? Agora não! Cuide-se e seja apenas adolescente”, foram realizadas durante todo o mês de fevereiro ações de conscientização, palestras educativas de prevenção e orientação em 30 unidades escolares da rede com alunos a partir dos 14 anos, além de rodas de conversa com os Guardas Mirins, capacitação dos profissionais da educação e outras atividades. Na culminância, participaram 31 escolas, somando 1.200 alunos. Além disso, teve apresentação de peças teatrais, dança, música, paródia, a exibição de um documentário e um posto médico.
A primeira dama e deputada federal Daniela do Waguinho lembrou que tudo tem seu tempo, mas também alertou que não pode acontecer a discriminação com as meninas que engravidaram na adolescência. “Existe uma lei para conscientizar os jovens a tomarem os cuidados necessários. Todo esse trabalho intersetorial atinge diretamente os adolescentes de forma positiva e nos stands pudemos ver como eles absorveram tudo”, resumiu Daniela.
Para o secretário de Educação, Denis Macedo, o caminho é a educação e o diálogo. “Essa é uma realidade que está na vida do adolescente e o assunto não pode ser tratado de qualquer maneira, pois gera prejuízos e marca a vida deles. Por isso seguimos esse caminho onde eles conversam conosco para se descobrir, conhecer seus corpos e falar abertamente sobre relacionamento. Sabemos que o principal lugar para falar sobre o tema é com a família, mas temos também essa obrigação”, explicou Denis.
Saúde na adolescência
A saúde de Belford Roxo tem dado atenção e cuidado em todas as idades. Mas em específico para o adolescente. O secretário de Saúde, Christian Vieira, enfatizou sobre o acompanhamento que a rede de saúde fornece aos adolescentes. “Não só para a gravidez em específico. Mas estamos com profissionais para orientar esses jovens desde o início de sua vida sexual. Em nossos postos fornecemos preservativos masculino (camisinha) gratuitamente e temos ginecologistas e urologistas para atender a esses adolescentes”, informou o secretário. “Ficamos muito preocupados em levar a mensagem e ouvi-los sobre a questão da prevenção. Com a pandemia houve um atraso nas notificações, mas o índice continua alto. Não podemos esquecer da reflexão também para os meninos”, lembrou a secretária executiva do PAISMCA Cristiane Borges.
Programa de Saúde nas Escolas
Já com bagagem para falar do assunto, o Programa de Saúde nas Escolas (PSE) está de volta. Funcionando dentro da Atenção Básica, que é dirigida pela coordenadora Lígia Magda, o PSE consiste em profissionais das unidades de saúde que vão até as escolas levar informação. “Fazemos isso em 13 ações e focamos em palestras, verificação do cartão de vacinação e outras atividades”, resumiu a enfermeira Lucilene Almeida, responsável pelo programa. A Policlínica de Especialidades Atenção à Criança e ao Adolescente (PEACA) recebe em sua unidade as adolescentes a partir dos 14 anos para o acompanhamento da gestação. Já as de alto risco, menos de 14 anos, e pacientes com comorbidades são referenciadas pela Clínica da Mulher. De outubro para cá, foram registradas 50 adolescentes gestantes. Além disso, atendemos também aqueles que iniciaram sua vida sexual”, explicou a também enfermeira Lucilene Costa da Silva, responsável técnica pela PEACA, que funciona no segundo andar do Neuza Brizola.
O casal Ketellen Victória, 15 anos, e Kaio Vítor, 16, que estuda no Ciep Municipalizado Casemiro Meirelles, é pai de um bebê de cinco meses. A partir do trabalho de conscientização realizado no mês de fevereiro, eles disseram que tiraram a conclusão com suas histórias. A mãe de Ketellen engravidou quase na mesma idade que a menina, e a falta de informação se repetiu ao longo dos anos. “Não tinha esse tipo de conversa em casa e se tivéssemos acesso mais cedo à campanha, talvez teríamos outro olhar e nos protegeríamos. Não só para prevenir a gravidez, mas também doenças”, disse a menina. Mesmo com a ajuda em casa, Kaio sentiu o peso da responsabilidade. “Não a deixei sozinha e desamparada e estou sempre participando de tudo”, completou Kaio.
Mãe aos 15 anos, a estudante da EJA na Escola Municipal Professor Paris, Flávia dos Santos Moraes, 44, não tinha acesso à informação na época. Quando engravidou, precisou parar de estudar para trabalhar. “Fiquei perdida, mas aos poucos fui retomando minha vida. Sou mãe de quatro filhos e há pouco tempo voltei a estudar. Campanhas como essa são importantes para orientar os jovens a não terem filhos sem planejamento. Precisamos terminar de estudar e se preparar para a vida e não podemos desistir para seguir em frente”, disse.