A Secretaria de Saúde de Belford Roxo, em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Fundação do Câncer e o Ministério Público do Trabalho (MPT) realizou a “I Oficina sobre Vigilância do Câncer” relacionado ao Trabalho e ao Ambiente. O município é o terceiro da Baixada Fluminense a receber a oficina dos 12 previstos, a partir de uma reunião do GT (Grupo de Trabalho) da Metro I em Saúde do Trabalhador. A oficina está sendo ministrada pelo INCA com o objetivo de capacitar os profissionais de saúde quanto ao câncer relacionado ao trabalho, dividida em dois dias. As atividades desta quinta-feira (3), foi voltado para profissionais de nível superior (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, dentistas, psicólogos e outros) e amanhã (4), a oficina continua para os profissionais de nível médio (em especial os agentes de saúde e os guardas de endemias
O secretário de Saúde, Christian Vieira, agradeceu ao Instituto Nacional do Câncer pela parceria. “Estamos atentos à saúde do trabalhador. Até porque esse tipo de doença é silenciosa e quando apresenta sintomas, já está bem avançada. É fundamental prevenir sempre para que mais tarde não ocasione problemas de saúde devido ao ambiente de trabalho. Queremos buscar mais oficinas e treinamentos para capacitar nossos profissionais”, destacou o secretário. O diretor do Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, Wagner Matheus, lembrou da reunião com o GT, órgão aonde não tinham representividade no município de Belford Roxo. “Estive presente na reunião e conseguimos trazer essa oficina do INCA para a cidade. Ainda mais agora em outubro, que é o mês de conscientização e prevenção de um tipo de câncer. Estamos batalhando com as capacitações quanto as fichas de notificação em acidente de trabalho”, resumiu Wagner.
Representando o INCA, Ubirani Barros Otelo e Bárbara Geraldino ministraram a oficina. Ubirani explicou que o objetivo foi de capacitar os funcionários de saúde para identificar e notificar os casos de câncer relacionados ao trabalho, que muitas vezes passam desapercebidos. “No primeiro dia, voltado para o nível superior, os profissionais receberam uma apresentação de slides e vídeos para dar suporte na hora de fazer a notificação dos casos de câncer relacionados ao trabalho. No segundo dia, é o mesmo conteúdo, de uma forma mais simples e resumida para os de nível médio, pois entendemos que é fundamental que eles estejam sensibilizados e capacitados em reconhecer circunstâncias de exposição desses trabalhadores a esses agentes cancerígenos, além de que a porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde) é a atenção básica”, informou Ubirani que ficou feliz com a resposta do município quanto à participação na oficina.
Investigação e prevenção
Para a coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Nova Iguaçu, Paula Almeida, nível regional que abrange sete municípios, todas as doenças do trabalho são importantes, mais a quantidade de notificação do câncer em todo o território nacional é muito baixa, pois a investigação não é feita de forma correta. “A oficina nos oferece o conteúdo e a forma correta de investigar, pois o importante não é saber o que o trabalhador faz agora, mais o que ele já fez anteriormente, todos os locais em que já trabalhou e o que pode estar relacionado ao câncer que ele está desenvolvendo no momento. Temos que estudar o que está acontecendo de errado agora para evitar casos no futuro”, destacou Paula.
O câncer relacionado ao trabalho é aquele em que a exposição a substâncias ou agentes cancerígenos ocorre no ambiente e/ou no processo de trabalho. Umas das formas de sua prevenção é a retirada da substância ou agentes do processo de trabalho, reduzir a sua exposição e desenvolver campanhas educativas. Para isso, o trabalhador precisa questionar as condições em seu ambiente de trabalho, buscar informações sobre as substâncias as quais está em contato direto ou indireto, informar a ocorrência de algum caso de doença e solicitar esclarecimentos do sindicato e dos responsáveis a respeito dos riscos à saúde envolvidas no processo de trabalho.
O câncer representa atualmente a segunda causa de morte no mundo. Sua prevenção pode reduzir a ocorrência em até 30% dos casos e alguns, diretamente relacionados à ocupação, como o mesotelioma (é um tipo de neoplasia que se desenvolve a partir das células do mesotélio – tecido de origem mesodérmica que forma o epitélio que reveste externamente as vísceras), podem ser completamente preveníveis. Os cinco tipos de câncer de maior incidência são: pulmão (1,6 milhão de casos), mama (1,38 milhão), cólon e reto (1,23 milhão), estômago (989 mil) e próstata (903 mil casos). O câncer de pulmão também apresenta a taxa de mortalidade mais alta (19,4 em 100 mil) seguido dos de mama (12,5 em 100 mil), estômago (10,3 em 100 mil), fígado (10 em 100 mil) e cólon e reto (8,2 em 100 mil). De acordo com a Global Cancer Observatory, foram registrados 559.371 casos de câncer em 2018 no Brasil, sendo 278.607 homens de todas as idades e 280.764 mulheres. Desse total, 243.588 vieram a óbito.